Experimentem googlar a palavra "as gajas". Aparecem por este ordem: as gajas mais boas do mundo; as gajas são como; as gajas mais boas das redes sociais; as gajas mais feias do Facebook; as gajas mais bonitas do Facebook; as gajas do Facebook. Cinquenta anos passados sobre o nascimento do feminismo estamos nisto. Exactamente. Num mundo governado por "gajos" que dão pontuações a "gajas". (...) O mundo muda mas a relação entre miúdas e miúdos, gajos e gajas, não muda. Mudará quando as gajas mandarem em tudo. Já não falta muito.Vejamos então quem manda na Alemanha. Uma gaja. Vejamos quem manda na Europa. Uma gaja. Dificilmente podemos chamá-la miúda. Podem gostar ou não.E nos Estados Unidos, vulgo América? Quem manda? (...) indirectamente, as gajas. Dormir com a gaja errada é pior que bombardear populações e destruir a economia (vejam o filme "Nos Idos de Março", do Clooney, um gajo de que as gajas gostam muito).(...)As gajas são tramadas. Já leram o "Macbeth"? E sabem o que diz o Depardieu da Deneuve? Ela é o homem que ele gostaria de ser.Não vou falar de Madonna, Lady Gaga ou Oprah Winfrey. Mrs.Thatcher? Vai agora estrear o filme com Meryl Streep a fazer de dama de ferro. Os que dizem que ela era um homem enganam-se. A Iron Lady nunca gostou de aventuras com o Iron Man. Gostava de sapatos e malinhas de mão. Como a nossa Agustina. Super-heróis são coisas da imaginação masculina. As mulheres são práticas. Sabem o que custa. Porque acham que a ministra italiana chorou? As mulheres conhecem melhor a privação de direitos do que os homens. Googlem a palavra gajos e que aparece? Os gajos são todos iguais. Exactamente. O algoritmo não engana.
- Clara Ferreira Alves,
in Expresso (10/12/2011)